08 janeiro 2010

Intervenção em edifício preexistente _ Casa de Cultura e de Juventude - Amarante (projecto final)

Memória Descritiva

O local de intervenção situa-se em Amarante, junto às margens do rio Tâmega na margem sul deste. Trata-se de um terreno a uma cota elevada com uma vista privilegiada sobre o rio e sobre o casco velho da cidade na outra margem, no entanto sendo um terreno generoso em termos de área, os taludes da sua envolvente condicionam de alguma maneira a utilização desta.
Ao visitar o local e olhando da outra margem do rio, apercebe-se imediatamente da imensidão de taludes existentes por de trás do terreno de intervenção, para que se consiga vencer o elevado declive do lugar. No entanto à medida que nos aproximamos, esta noção de terreno escarpado esvanecesse-se, devido a uma certa imponência do edifício a reabilitar e mesmo dos edifícios que ladeiam este, um hotel do lado esquerdo e um cine-teatro do lado direito.
O edifício existente é de meados século XIX, possui uma certa qualidade arquitectónica nomeadamente na fachada, toda ela em pedra, com sacadas nas varandas e cornijas trabalhadas, possui três pisos com pés direitos generosos, que achei por bem aproveitar no meu projecto, em planta o edifício estende-se em forma de L, criando com isso uma zona mais privada nas “traseiras” que é tornada mais agradável com a presença de uma árvore belíssima e imponente.
A reabilitação de edifícios possui por si só dificuldades / condicionantes que pesam muito na qualidade do projecto final, no entanto a estas se acrescentaram o facto de o piso térreo do edifício a reabilitar não ser para se intervir, devido a ser propriedade privada, nomeadamente um restaurante. Este facto colocou imediatamente a questão da localização do acesso à intervenção e da leitura ou não do edifício como um todo.
Uma outra condicionante foi o facto de o presente trabalho ter sido um concurso realizado pela câmara municipal de Amarante em 2002, estando o projecto vencedor desse mesmo concurso já construído, limitando e distorcendo assim o carácter do lugar.
O edifício ao longo da sua vida sofreu diversas transformações e acrescentos, que se conseguem distinguir facilmente, ora pelo levantamento fornecido (anterior ao concurso) ora pela visita ao presente pojecto (após concurso).
Assim, a minha ideia para o local foi valorizar o edificio existente, revelando a sua imponência, não retirando deste modo a grande presença que sempre existiu do edificio. Quis também aproveitar, o facto do edificio existente se desenvolver em forma de L, para usufruir ao máximo do espaço que se cria em torno da árvore implantada.
Deste modo, decidi eliminar todos os acresentos do edificio existente, deixando-o assim na sua volumetria base, com uma imagem mais sóbria.
Estando no programa previsto três grupos funcionais, área de actividades, alojamento e habitação do zelador, e indo de encontro às minhas ideias para o local, propus uma volumetria também em forma de L na qual a árvore é o centro da circunferência por onde o “L” rodará, reforçando (pois antes já o seria, devido à diferença de cotas que existe nas traseiras do edificio que por sua vez são vencidas através de taludes) assim a ideia de pátio, que não será totalmente fechado pelos “dois L’s”, pois essas aberturas serão os acessos ao interior da intervençao, no qual o pátio criado será de um certo modo a recepção de todo o edificio.

Propus três possíveis percursos de acesso ao edifico:
- um mais directo, através do volume novo, pois uma das duas “pernas do L” vai ate à rua;
- outro através de uma escadaria exterior, localizada no espaçamento que propus entre os dois volumes (o antigo e o o novo), que é dirigida para o pátio;
- e uma outra mais perceptivel, através de rampa que se desenvolve em forma de “V”, dirigida igualmente para o pátio.

Neste último acesso, a rampa é coberta e ladeada por uma só parede, que a utilizei não só para suporte da cobertura mas também para identificar toda a intervenção, através do perfurarmento da parede com a inscrição “casa da juventude”. Não ladeei a rampa com duas paredes, para que ao percorre-la nunca se perdesse a visibilidade sobre a fachada lateral do edificio antigo.
Toda a organização do projecto se desenvolve apartir do pátio e da inexistência de luz natural a noroeste até ao 2 piso do volume novo. Assim chegando à recepção exterior (o pátio), entrar-se-à no interior, pelo edificio novo, mais propriamente pelo atrio, no entanto como todo este piso é uma parede vidro, que tem a possibilidade de estar aberta, o acesso assim poderá ser feito por todo o lado, desde da cafetaria até ao atrio.
Todo o piso de entrada (cota 77,65m) possui funções destinadas não só para os alojados, mas para o público em geral, desde a cafetaria, sala de informática, atelier de artes, estúdio musical e sala polivalente. As três primeiras encontram-se no edificio novo e as outras no edificio antigo.
No interior do edificio antigo, quis que a luz fosse o aspecto mais importante no espaço, aonde os jogos de luz / sombra fossem intensos dando assim um forte carácter ao espaço.
Para criar este tipo de espaço usei como modelo, a casa em Brejos de Azeitão, dos Aires Mateus, os Escritórios White, do atelier Central Arquitectos e o edificio Prégaia, do atelier Promontório Arquitectos. Em todos estes, a luz é trabalhada de forma a criar esses jogos e especialmente nos escritório Prégaia a luz vinda de aberturas ritmadas faz de certa forma uma alusão ao que acontece no edificio a intervir.
Assim propus que não houvesse a tradicional laje de pavimento do 2º piso (cota 82,80m), mas por conseguinte, volumes que se encontram suspensos e acessiveis por um passadiço lateral e algo estreito. São quatro volumes com 2 pisos cada, que em termos de função são gabinetes das associações, sendo apenas quatro deles acessiveis a pessoas com mobilidade reduzida.
Estes volumes são seguros pela cobertura, com uma estrutura metálica de vigas IPE’s de 30cm, que funcionam longitudinal e transversalmente, apoiando-se nas paredes das fachadas.
A localização do estúdio musical relaciona-se com a da cafetaria, pois existe a possibilidade de a fachada de vidro do estúdio se abrir, e assim possa haver algum tipo de espectáculo.
No 2º piso existe o acesso aos tais volumes de gabinetes e no edifício novo desenvolvem-se os dois quartos duplos, um quarto para pessoas com mobilidade reduzida, uma zona de lavandaria e uma zona de estar com cozinha para os hospedados. No 3º piso encontra-se a casa do zelador, com uma sala de estar e uma cozinha tipo "kitchenette", uma lavandaria, um quarto e uma instalação sanitária. Com acesso diferenciado do anterior encontram-se igualmente as camaratas e respectivas instalações sanitárias.
A ligação entre o edifício antigo e o novo é feito por passadiços desencontrados para aligeirar o contacto entre os volumes, pintados por uma cor neutra, o preto. Para valorizar o edifício existente, todas as fachadas do volume novo sao revestidas por uma "segunda pele", nomeadamente por chapa perfurada (que em certas zonas sao amovíveis), reforçando assim o carácter do edifício existente, ao mesmo tempo que diferencia o que é novo do que era pré-existente.














Processo














Processo









Implantação e perfis













Planta piso térreo














Planta piso 1














Planta piso 2














Planta piso 3















Cortes















Cortes















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Alçados















Alçados















Alçados

















Pormenor Construtivo














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Maqueta














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Um comentário:

Genilda de Melo disse...

Realmente um belo design, lindo projeto.

http://escrituraviva.blogspot.com